O diabetes é uma questão de saúde pública mundial. Existem fatores genéticos e fatores adquiridos, como a obesidade, que podem levar ao aparecimento do diabetes. De forma objetiva, uma pessoa diabética é aquela com dificuldades em processar o açúcar que está no sangue, por meio de um hormônio chamado insulina, produzido pelo pâncreas.
Nas pessoas mais jovens, destaca-se o diabetes tipo 1, no qual o pâncreas não produz insulina na quantidade suficiente e, desta forma, a conduta principal é a reposição deste hormônio. Dizemos que , no diabetes tipo 1, as pessoas são insulino-dependentes. No diabetes tipo 2, o pâncreas produz a insulina mas os tecidos de nosso corpo “resistem” aos efeitos deste hormônio, dificultando a entrada do açúcar nas células. No tratamento das pessoas com diabetes tipo 2, são utilizados medicamentos para normalizar ou reduzir os níveis de açúcar e , em alguns casos, há necessidade do uso adicional de insulina.
Uma das complicações do diabetes é conhecida como neuropatia e consiste na destruição das terminações nervosas de nosso corpo, mudando de forma significativa o perfil de sensibilidade a dor. A prevalência de neuropatia em diabéticos varia entre 30 a 50% dos casos. Dentre tantas apresentações clínicas diferentes de neuropatia, o padrão mais típico é a polineuropatia simétrica distal. Nesta condição, os pacientes apresentam predominantemente alterações de sensibilidade, como dormência, formigamento, fraqueza e dor, começando pelos pés e progredindo para outras outras partes do corpo.
O acometimento dos pés é uma fator de risco para quedas, para formação de feridas ou úlceras e aumenta o risco de amputações parciais ou totais. Além do impacto físico, os transtornos emocionais relacionados a necessidade de amputar são incontáveis. Nos Estados Unidos, mais de 80 mil amputações de membros inferiores são realizadas ao ano e este processo acarreta um aumento anual nas despesas hospitalares na ordem de 5 bilhões de dólares.
Para aprofundarmos mais sobre este tópico tão prevalente na rotina das pessoas diabéticas, vamos para nossa rodada de perguntas e respostas, lembrando que, ao final, seria muito importante a participação dos leitores por meio de comentários e relatos.
1. O que é dor neuropática?
Este sintoma pode abranger sensações de ardência, como se fosse uma queimadura ou um choque elétrico, ou uma sensação de dor muito elevada mediante estímulos muito discretos.
2. Qual a principal medida de controle da dor neuropática?
Antes mesmo de pensar num tratamento específico para dor, deve-de priorizar o controle rigoroso dos níveis de açúcar no sangue. Com ou sem o suporte de insulina, a normalização dos níveis de açúcar poder minimizar a intensidade dos sintomas.
3. Além da elevação dos níveis de açúcar no sangue, quais outros fatores podem agravar a dor neuropática?
Podemos citar a elevação dos triglicerídes, que são produtos metabólicos do consumo excessivo de massas e bebidas alcoólicas, a elevação do colesterol LDL, considerada a fração mais perigosa por sua capacidade de entupir vasos sanguíneos e a redução do colesterol HDL, fração mais benéfica e protetora.
4. Pessoas portadores de pré-diabetes são mais propensas a neuropatia?
Definimos o pré-diabetes de acordo com os valores da hemoglobina glicada no sangue. Em geral, as pessoas que apresentam valores desta hemoglobina entre 5,7 e 6,4 podem ser classificadas como pré-diabéticas. Não há provas definitivas acerca da relação entre pré-diabetes e neuropatia, mas logicamente isto não impede que as pessoas mudem seu estilo de vida , seus hábitos alimentares e possam também utilizar preventivamente alguns medicamentos.
5. Quais os medicamentos que podem ser empregados no tratamento da dor neuropática?
De acordo com as principiais diretrizes, as principais classes medicamentosas seriam : anticonvulsivantes (pregabalina, gabapentina), e antidepressivos (amitriptilina, venlafaxina, duloxetina). Em alguns casos, alguns analgésicos como o tramadol e a toxina botulínica podem ser empregados.
6. Uma pessoa diabética pode ter um infarto do coração sem referir dor no peito?
Sim, a neuropatia diabética não exerce efeitos somente na nossa circulação das pernas. A sensibilidade a uma dor no peito pode ficar bem diminuída, de tal forma que, na hora do infarto do coração, uma pessoa pode apresentar palidez da pele, suor frio e náuseas , sem expressar nenhuma dor. Isto é tão importante que pode gerar uma confusão quanto ao diagnóstico correto.
A neuropatia diabética, além de muito prevalente , é uma condição desafiadora para os pacientes e profissionais de saúde. A ideia principal é evitar que este quadro evolua para um nível de dor insuportável ou mesmo ausência de sensibilidade, a
ponto de colocar a vida em risco. Um acompanhamento médico rigoroso e a escolha dos melhores medicamentos poderão determinar melhor controle desta condição .
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