Sabemos que, quando o assunto é fazer um check-up, muitos fogem de imediato. Seria medo de identificar algum problema de saúde e ter de enfrentar tratamentos prolongados e difíceis ou talvez simplesmente o negacionismo de aceitar que todos nós, independente de sexo e faixa etária, deveríamos fazer exames para prevenir doenças?
Podemos dizer que há uma pitada de cada uma destas hipóteses, sendo que o negacionismo parece aflorar e predominar na maioria das situações.
Fazer exames de rotina não é prazeroso como ir ao cinema , viajar com a família ou curtir uma festa, mas pode mudar o prognóstico de muitas pessoas que herdam fatores de risco para o desenvolvimento de doenças como câncer e infarto do coração.
Vivemos uma época de grandes avanços tecnológicos, os quais permitem que as pessoas tenham mais longevidade, com mais plenitude e qualidade. Os testes genéticos também são ferramentas essenciais para nortear como será nosso futuro, quais doenças poderemos desenvolver e quais são nossas tendências individuais e nossas maiores fragilidades.
Todos nós somos seres com uma determinada programação para muitas condições - para os cabelos ficarem brancos , para os níveis hormonais oscilarem , para as articulações ficarem mais rígidas e para as doenças em geral aparecerem com mais frequência. Embora haja um caráter específico para cada pessoa, esta programação está presente e torna-se mais evidente em determinadas etapas da vida.
Desta forma, como então estabelecer um plano de conduta para prevenir as doenças e melhorar a qualidade de vida ao longos dos anos ? Dentre as possibilidades, não há como negar a importância do check-up. Mas, entendam bem , não é simplesmente ir ao médico e sair com uma lista imensa de pedidos de exames.
A questão é quais exames fazer, qual a periodicidade adequada, exames de sangue ou exames de imagem , ou seja , um check-up não deveria ser o ato desgastante de ir ao médico por obrigação ou por pressão. Pelo contrário, realizar exames de rotina seria assumir que somos seres programáveis para desenvolver doenças e que, se quisermos viver mais, precisamos buscar as mínimas pistas do que será nosso futuro e de alguma forma executar alguma intervenção.
Muitas pesquisas demonstram que os homens costumar ser mais negacionistas do que as mulheres, quanto ao fato de ir ao médico para fazer exames de rotina. Talvez por razões culturais e também por uma certa teimosia, cerca de 70% dos homens ficam mais de 1 ano sem realizar exames preventivos. O negacionismo em relação ao check-up pode ter, portanto , embasamento cultural.
Uma outra triste faceta do negacionismo em relação aos exames de rotina é simplesmente adotar o hábito da automedicação . Assim que um determinado sintoma aparece, torna-se mais prático e cômodo recorrer a uma informação imprecisa e começar a “fazer a sua medicina “. Com isto, a busca de uma orientação especializada vai ficando cada vez mais distante; a informação imprecisa torna-se uma tentação barata, rápida e ilusória. De forma consciente ou inconsciente, o hábito de se automedicar fica cada vez mais frequente, fortalecendo o negacionismo diante do risco de uma doença concreta e expondo a saúde desta pessoa ao risco de eventos fatais.
Para aqueles que temem fazer os exames de rotina e acabar descobrindo alguma doença ou alguma tendência, pensem como seria se você ficasse eternamente se escondendo, negando o que é inevitável - todos nós vamos desenvolver doenças em algum momento - e simultaneamente querendo viver bem, realizando sonhos e metas. Viver dia após dia negando os fatos e se escondendo da realidade não seria tão inteligente como assumir nossas fragilidades, conhecer melhor nosso corpo e o funcionamento do mesmo e, de uma forma prudente, buscar ajuda e ensinamentos sobre as melhores estratégias de prevenção.
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