No dia 02 de fevereiro de 2023, nos deparamos com a triste notícia do falecimento da jornalista Glória Maria. Ela estava enfrentando um câncer de pulmão, com metástases no cérebro, sendo estas determinantes em tirar a vida desta renomada profissional.
O câncer usualmente se instala num local conhecido como sítio primário, um determinado órgão ou estrutura. Os hábitos de vida, como tipo de alimentação, tabagismo, etilismo e estresse, juntamente com a herança genética, podem determinar o surgimento deste grave problema, responsável por altas taxas de mortalidade no Brasil e no mundo. O grande desafio para a medicina é e sempre será o diagnóstico precoce, ou seja, quando este câncer é diagnosticado exclusivamente em seu sítio primário, possibilitando adotar terapias mais efetivas para cura.
Quando analisamos o sítio primário de um câncer, que pode ser o pulmão, o estômago, os intestinos ou simplesmente um osso, identificamos que existem órgãos ou estruturas muito próximas, além dos vasos sanguíneos e gânglios(conhecidos como ínguas). Em virtude da demora no diagnóstico deste sítio primário do câncer ou eventualmente pelo fato deste câncer não produzir sintomas tão evidentes durante certo tempo, o câncer consegue se espalhar, inicialmente acometendo órgãos e gânglios próximos e, na sequência, atingindo a circulação sanguínea. Esta disseminação do câncer, seja regional ou atingindo órgãos distantes pela corrente sanguínea, chamamos de metástases.
Tanto o câncer em seu sítio primário como seus "filhotes" , as metástases regionais ou distantes, exercem efeitos nocivos no tecido destes órgãos, causando um importante processo inflamatório e destruição considerável da arquitetura dos mesmos. Em geral, estas alterações vão se tornando incontroláveis e irreversíveis ao longo do tempo, dificultando a cura ou controle da doença por meio de diversas modalidades terapêuticas.
Na dependência de alguns fatores como a capacidade de se alimentar bem, uso de medicamentos com boa tolerância, boa resposta a um eventual tratamento cirúrgico invasivo ou até mesmo minimamente invasivo, nossos órgãos conseguem suportar um determinado percentual de lesões metastáticas. O fígado e os pulmões são exemplos de órgãos que acumulam quantidade razoável de nódulos metastáticos e, ainda assim, conseguem exercer minimamente suas funções mais essenciais por um bom tempo.
Além desta apropriação territorial, o câncer primário e suas metástases liberam em nossa circulação sanguínea uma quantidade demasiada e persistente de substâncias tóxicas e inflamatórias, as quais são causadoras de eventos potencialmente fatais, como tromboses, arritmias cardíacas e hemorragias. Como tudo tem um limite, esta verdadeira invasão descontrolada e destrutiva por parte das metástases e seus possíveis efeitos tóxicos acabam provocando falência global dos órgãos e a morte.
Falar sobre câncer não é um tópico fácil nem para quem está lutando contra esta doença e nem para quem está empenhado em conseguir um tratamento resolutivo. Falar sobre metástases se torna, portanto, um assunto mais pesado e mais incômodo. Seja como for, a doença câncer ainda ocupa muito espaço em nossas vidas e nos noticiários e precisa ser prevenida, por meio de conscientização acerca do estilo de vida e hábitos, como também acerca da necessidade de seguir a orientação de profissionais especializados e experientes, evitando automedicação e terapias milagrosas.
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