A pandemia do coronavírus foi talvez o momento de maior preocupação da humanidade com seu sistema imunológico, nas últimas décadas. Vamos fazer um rápido exercício de memória e recordar que o desespero e o medo de morrer foram tão intensos que as pessoas procuraram estocar e consumir suplementos vitamínicos, especialmente a vitamina C, na tentativa de fortalecer suas defesas orgânicas.
No final dos anos 70, havia uma onda mundial defendendo o consumo de altas doses da vitamina C. Um dos maiores defensores desta ideia era um cientista renomado, Linus Carl Pauling, detentor de dois prêmios Nobel . Pauling consumia doses altíssimas de vitamina C, atingindo quase 20g ao dia, e defendia que esta estratégia poderia diminuir a incidência de infecções e câncer.
Com o passar do tempo, não ficou estabelecido que esta superdosagem de vitamina C realmente seria efetiva e, para se ter uma noção, a dose diária indicada pela maioria dos estudos seria de 60 mg a 1g ao dia. Isto significa que Pauling estava errado e não tinha lógica em sua estratégia? Como uma regra, talvez seja difícil defender uma superdosagem da vitamina C, mas não se pode negar que os benéficios da vitamina C são múltiplos e, em situações especiais e individualizadas, esta vitamina pode agir favoravelmente, do ponto de vista preventivo e terapêutico.
Desta forma, vejam algumas perguntas e respostas sobre a vitamina C e tentem se identificar com alguma destas situações. Ao final, seria muito interessante receber comentários e experiências que vocês que já viveram sobre este assunto.
Pessoas que realizam atividade física intensa e prolongada precisam de maior aporte diário de vitamina C?
Sim , estas pessoas realmente necessitam de uma dieta rica em vitamina C e muitas vezes de uma suplementação diária para compensar a intensa exigência física.
A suplementação diária de vitamina C aumenta o rendimento na prática esportiva?
Não , isto não ocorre . O fato de um treino intenso exigir maior consumo de vitamina C não significa que esta suplementação promova um desempenho físico superior.
Existe relação entre o consumo de vitamina C e a qualidade do sono noturno?
Sim, vários estudos clínicos demonstram que o consumo diário de vitamina C melhora a duração do sono, reduz os distúrbios do sono e atenua as consequência negativas da apneia do sono.
O consumo diário de vitamina C pode ser considerado como uma terapia anti-câncer?
Não , pois ainda não há provas concretas sobre o papel da vitamina C como inibidora direta da atividade cancerígena. Também não há evidências que a vitamina C seria capaz de potencializar os efeitos da quimioterapia.
O consumo de vitamina C poderia melhorar a qualidade de vida de pessoas com câncer?
Sim, pois estas pessoas normalmente enfrentam sintomas desconfortáveis, como náuseas, dores e cansaço. A vitamina C pode exercer efeitos positivos em atenuar estes sintomas e, portanto, seu consumo teria um caráter mais paliativo do que terapêutico.
Seriam incontáveis as questões a serem formuladas e debatidas acerca dos benefícios do consumo diário de vitamina C. Levando em consideração que muitas frutas e sucos que consumimos em nossa rotina são ricos em vitamina C, não seria uma regra a necessidade desta suplementação diária. Claro que cada um de nós carrega um histórico de particularidades genéticas, influências ambientais e fragilidades físicas que determinam diferentes necessidades diárias de vitamina C e isto sempre deve ser mandatório na indicação desta suplementação. Muitos estudos ainda estão em andamento, visando trazer mais evidências sobre os benefícios do consumo diário da vitamina C em situações muito particulares, como na osteoporose, catarata dos olhos, doenças de pele e na insuficiência renal.
Em breve, estarei trazendo a vocês uma atualização sobre estes tópicos, como também uma precisão maior acerca das doses mais apropriadas para suplementação. Por enquanto, leiam com cuidado as questões acima e façam seus comentários.
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